terça-feira, 22 de outubro de 2013

Quatro luas

Te vi lá no meio da lua
Era sonho, é claro,
mas gostei da vista

Você falava uma língua esquisita
Eu franzia a testa
Fui chegando mais perto
Mas – você sabe como é a lua –
cada passo era uma eternidade

Fiz de conta que entendia tudo
(Como eu mentia!)
Meu riso não te convencia
(Essa nossa testa franzida
sempre nos denuncia)

Eu falava, o som não saía
Nenhum marciano aparecia
Nem anjo, nem capeta
Ninguém me ajudava

Eu não entendia o que você falava
Você não ouvia o que eu dizia
Brincando de astronauta,
a frustração ficava até divertida

Mas um dia você parou de falar
Veio na minha direção
e demorou quatro luas
pra alcançar a minha mão
(Eu disse quatro luas!)
É muito tempo pra quem tem
testa franzida no coração

Enquanto você vinha,
aprendi a girar
em torno do meu próprio eixo
No ar. Sem gravidade

Depois dessa, quando te vejo,
só penso numa coisa:
Me leva pra lua? 

8 comentários:

  1. Maravilha Vivi. Tá lindo. Agora, seguinte: duas poesias no blog por ano é sacanagem (rsrs). Beijos

    ResponderExcluir
  2. Veja só, o chalé existe há um bom tempo e eu nem sabia! Dei uma entrada agora para conhecer a casa, assim por alto, e gostei. Tem um cheiro bom. Depois volto com mais calma para fuçar melhor.

    ResponderExcluir
  3. "É muito tempo pra quem tem
    testa franzida no coração"

    Desfranze a testa! :-)

    ResponderExcluir
  4. Entrei sem pedir licença...
    A porta estava aberta
    e fui me aconchegando...
    Sentindo a música de suas palavras...
    Procurando uma para lhe definir... E, tropeçando em muitas, encontrei uma que é toda você: - Espetáculo!

    ResponderExcluir